Queda nos empregos formais preocupa a Região dos Lagos
- Bernardo Ariston

- 30 de set.
- 2 min de leitura

Por Bernardo Ariston
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, a Região dos Lagos criou apenas 343 empregos formais em agosto de 2025, no
pior resultado desde março, quando o saldo havia sido de apenas 17 vagas. O dado preocupa porque revela a desaceleração de uma economia ainda refém da sazonalidade do turismo, da construção civil e do comércio. Essa dependência de empregos temporários, somada à falta de planejamento integrado, mostra que os municípios continuam distantes de políticas permanentes de geração de renda.
Araruama manteve a liderança regional com 156 vagas, seguida por Saquarema com 101, Búzios com 39 e Arraial do Cabo com 31. O caso mais alarmante foi o de Cabo Frio, polo econômico da região, que registrou apenas 16 novas vagas. Pior ainda, São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande fecharam o mês no vermelho, eliminando 26 e 3 empregos, respectivamente. Quando confrontados com o potencial socioeconômico local, esses números revelam fragilidade estrutural e ausência de políticas consistentes de empregabilidade.
No acumulado de janeiro a agosto, a região soma 5.286 novas vagas formais, com destaque para Araruama (1.575), Cabo Frio (1.311) e Saquarema (994). O saldo é positivo, mas a curva recente aponta queda e sem uma estratégia sólida os avanços seguirão reféns de oscilações conjunturais. Nacionalmente, o Brasil criou 147 mil empregos formais em agosto. Para a Região dos Lagos, o impacto é mais grave, pois a economia não se diversificou e segue dependente de royalties do petróleo, turismo de verão e obras públicas, o que gera um ciclo de vulnerabilidade, ou seja, meses de alta sustentam a ilusão de crescimento, mas nos períodos de baixa o colapso é inevitável.
É nesse ponto que se impõe a crítica, uma vez que, não basta analisar números, é preciso compreender seu significado. A lógica imediatista de tratar emprego como consequência de temporada ou de obras isoladas está esgotada. A região precisa de políticas regionais de longo prazo, como a criação de um Banco Regional de Empregos, que integre plataformas municipais e amplie o acesso da população às vagas disponíveis. Também é urgente investir em capacitação profissional alinhada às demandas reais do mercado, preparando trabalhadores para turismo qualificado, tecnologia, economia criativa e energias limpas.
Os números do CAGED são claros, a empregabilidade não é automática, precisa ser induzida por políticas inteligentes, permanentes e coletivas. Sem planejamento, a região continuará vivendo entre picos e quedas, condenando milhares de famílias à instabilidade. O futuro do mercado de trabalho da Região dos Lagos depende de coragem política, integração entre municípios e visão estratégica. O saldo tímido de agosto deve ser visto como alerta. Cabe transformar esse sinal em ponto de virada para garantir não apenas vagas, mas oportunidades dignas e permanentes para quem vive e trabalha na região.








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