Infância Traída
- Bernardo Ariston

- 14 de out.
- 2 min de leitura
Professora é presa em flagrante por agredir crianças em creche municipal de Cabo Frio. Denúncia partiu de colegas e a ação foi conduzida pela Prefeitura e pela Polícia Civil. O caso provoca indignação, protestos e clamor por justiça.

Por Bernardo Ariston
O caso da professora presa em flagrante por agredir crianças em uma creche municipal de Cabo Frio é um retrato doloroso do que acontece quando a educação se transforma em violência. As imagens gravadas dentro da Escola Municipal de Educação Infantil Professora Elenita Ferreira dos Santos Abreu chocaram a cidade e despertaram um clamor por justiça. As cenas são brutais e inaceitáveis, crianças de apenas três e quatro anos, indefesas e confiantes, foram vítimas de quem tinha o dever de protegê-las.
Segundo o prefeito de Cabo Frio, as denúncias partiram de colegas da própria professora, que não se calaram diante do que presenciaram. A Prefeitura, ao receber as provas, acionou imediatamente a Polícia Civil, garantindo que a prisão em flagrante fosse efetuada pela 126ª Delegacia de Polícia. Essa postura rápida e firme mostra o papel essencial das instituições e da coragem individual de quem denuncia, exemplo de que a omissão jamais pode ser opção.
Mas o fato em si continua grave e revoltante, pois não se trata de erro ou excesso pontual, mas de crime, previsto no artigo 136 do Código Penal, e de uma violação direta ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Quando a violência parte de quem deveria ensinar, o dano é duplo, físico e moral. A confiança das famílias, a segurança emocional das crianças e a dignidade da educação pública são feridas que não se curam com simples notas de repúdio.
A Prefeitura agiu certo ao denunciar, mas o caso exige muito mais. É preciso acompanhamento psicológico integral às vítimas e às famílias, processo administrativo rigoroso contra a servidora e revisão imediata dos protocolos de supervisão nas unidades de ensino infantil. Creches e escolas precisam de canais seguros de denúncia, câmeras em áreas comuns e capacitação constante de todos os profissionais que lidam com crianças.
O episódio serve de alerta, o silêncio é cúmplice. Se as colegas dessa professora não tivessem denunciado, talvez as agressões continuassem ocultas. O ato de coragem delas deve ser reconhecido como gesto de humanidade. É isso o que se espera de servidores públicos comprometidos com a verdade e com o bem comum. Denunciar não é trair um colega, no caso foi proteger uma criança.
A prisão da agressora é apenas o primeiro passo. Agora é papel da Justiça garantir que o caso siga com transparência, rapidez e punição exemplar. Nenhuma sociedade civilizada pode tolerar violência dentro de escolas. A infância é território sagrado e quem o viola deve responder com o peso da lei e o repúdio da sociedade.
Que o episódio de Cabo Frio sirva de lição nacional, não há desculpa para a covardia, nem espaço para a omissão. É hora de proteger nossas crianças com mais do que palavras, com ação, coragem e justiça.
Quando a educação vira violência, é a própria humanidade que precisa reaprender o que é ser humano.








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